quarta-feira, 14 de agosto de 2013

TUPOLEV TU-22 M3 BACKFIRE C

O  Tupolev Tu-22M3 Backfire é um bombardeiro único em seu gênero devido a suas dimensões e desempenho diferenciados. Ele não é um bombardeiro estratégico, uma vez que seu raio de ação é de 2200 km e seu armamento, também não iguala o transportado pelos grandes bombardeiros estratégico, porém, sua elevada velocidade que chega a 2327 km/h o coloca como o mais veloz bombardeiro dedicado do mundo. Devido a suas características diferenciadas, o Tu-22M3 pode ser classificado como um bombardeiro intermediário.



O desenvolvimento do Tu-22M teve inicio nos anos 60 visando substituir o bombardeiro Tu-22 Blinder cujo desempenho não estava sendo satisfatório. Os engenheiros da Tupolev projetaram um grande avião com asas de geometria variável, recurso, este, que estava sendo amplamente usado em diversos projetos soviéticos de aeronaves de combate como o Mig-23 e Su-17 Fitter, e que solucionava algumas das deficiências de desempenho em vôo de baixa velocidade, aterrissagem e decolagem que ocorria com o antigo Tu-22 Blinder. 




O primeiro Tu-22M voou no final de agosto de 1969 e apenas nove unidades desse modelo foram construídos para efeito de aperfeiçoamento do projeto. Mais nove outros Tu-22M1, versão de pré-produção foram construídas para seguir com os estudos de aperfeiçoamento do modelo.



O modelo de produção, já com varias melhorias aplicadas foi chamado de Tu-22M2 e entrou em serviço em 1972 e a maior modificação estava em sua entrada de ar para os motores que apresentava uma semelhança com a encontrada no caça norte-americano F-4 Phanton II. Porém a versão definitiva deste bombardeiro só apareceu em 1983. Chamado de Tu-22M3 Backfire C, esta versão apresentava entradas de ar muito semelhantes ao encontrado no grande interceptador MIG-25 Foxbat, além de ter recebido novos motores Kuznetsov NK-25, mais potentes, produzindo 24500 kg de empuxo cada. Com uma potencia total de 49000 kg de empuxo, o Tu-22M3 demonstrou um desempenho melhor chegando a velocidade máxima de 2327 km/h, contra 1750 km/h atingidos pelo Tu-22M2. O alcance do novo Tu-22M3 foi melhorado em 33% em relação a versão anterior chegando a um raio de ação de 2200 km sem reabastecimento e um alcance de travessia de 7000 km, também sem reabastecimento. O peso foi outra mudança entre o Tu-22M3 e seu antecessor. O novo Backfire é três toneladas mais leve que o Tu-22M2, devido as mudanças de desenho e estruturais aplicadas ao modelo.



O armamento foi diversificado também. O Tu-22M3 tem capacidade de transportar até 23000 kg de armamento que podem ser compostos por 69 bombas de queda livre FAB-250 ou até oito bombas FAB-1500. O Backfire pode transportar também, duas bombas FAB-3000, extremamente potentes, ideais para uso contra alvos reforçados.Os números que constam no nome dessas bombas dão conta do peso delas em quilogramas. Outra carga pouco comentada nos artigos que tratam do Backfire é a mina naval. Podem ser transportados dois tipos de minas navais sendo que a configuração de transporte delas pode ser de 42 minas de 500 kg ou oito grandes minas de 1500 kg. 



O arsenal do Backfire, conta com uma variedade de mísseis de precisão como o Raduga Kh-22, mais conhecido no ocidente pela denominação dada pela OTAN “AS-4 Kitchen”, um míssil antinavio extremamente potente cujo alcance pode chegar a 500 km dependendo da versão e condições do lançamento. Este míssil é guiado por INS e por radar ativo, na fase final do ataque, tem uma velocidade de 4300 km/h e sua pesada ogiva de 900 kg de carga moldada revela o principal alvo do Kh-22; os grandes porta-aviões da marinha dos Estados Unidos. Essa ogiva representa o dobro do tamanho de um míssil antinavio convencional. Consta, ainda, que existe uma versão deste míssil equipada com uma ogiva nuclear de 1 megaton (Mt). Essa versão, especificamente, poderia incinerar todo um grupo de batalha norte americano em um só golpe.


O míssil KSR-5 (AS-6 Kingfish, pela nomenclatura da OTAN) é usado, principalmente, contra alvos terrestres, porém pode ser usado conta navios também. Seu alcance chega a 700 km e seu guiamento pode ser feito por radar ativo ou ser guiado pela radiação eletromagnética emitida pelo radar inimigo. Sua ogiva, como do AS-4, pode ser nuclear com 350 Kilotons (Kt) ou convencional com 1000 kg de alto explosivo. Esses dois mísseis, especificamente, representam o “martelo” de batalha do Backfire.
Outro míssil que faz parte do arsenal do Backfire é o Kh-15C (AS-16 Kickback) um míssil nuclear tático para interdição do campo de batalha, usando uma ogiva nuclear de 100 Kt. O Kh-15C é lançado de um sistema rotatório interno do Tu-22M3 com capacidade de abrigar seis mísseis. O alcance deste míssil é de 150 km e seu sistema de guiagem se dá por radar ativo mais INS.
Mísseis de cruzeiro como o Raduga Kh-65SE, da família de mísseis Kh-55, podem ser usados para destruir alvos estratégicos a distancia de até 280 km com sua ogiva de 400 kg ou uma ogiva nuclear de 200 Kt (Kh-55SM)


Para finalizar a apresentação dos mísseis transportados pelo Backfire, pode-se armar este bombardeiro com os mísseis de cruzeiro multifunção da família 3M54 Klub, desenvolvidos pela empresa Novator. Existe uma versão deste míssil para atacar submarinos, sendo equipado com um torpedo que é lançado na água ao final do vôo, próximo do sinal submarino detectado pelo sonar de aeronaves de patrulha ou de navios de guerra aliados na zona de batalha. O míssil Klub pode ser armado com uma ogiva de 200 kg de alto explosivo para ser usada contra navios de guerra ou com uma ogiva de 400 kg do mesmo tipo para atacar alvos reforçados em terra. O alcance do Klub varia de 40 km, para a versão anti-submarino, até 300 km para as versões de ataque antinavio e anti-superficie.


O Backfire, conta ainda, com um canhão de cano duplo em calibre 23 mm GSH-23M que é controlado por controle remoto e por um radar PRS-3 Argon 2 montado acima do canhão, na base da superfície vertical de controle. Esse canhão tem uma cadencia de tiro na ordem de 2600 a 3000 tiros por minuto e sua capacidade é de 600 projéteis. Além de munição comum, o GHS-23M pode disparar projéteis especiais que agem como iscas flares e chaffs, atrapalhando o sensor de mísseis guiados por calor ou por radar que sejam lançados contra o Backfire pelo quadrante traseiro.


 O radar usado no Tu-22M3 é o Leninets PNA-D, do tipo TFR (Terrain Following Radar) que permite que o Backfire possa voar em alta velocidade e a baixa altitude, seguindo o terreno para evitar a detecção dos radares inimigos. Este radar funciona com apoio de um sistema de navegação e ataque NK-45. Abaixo do cone do radar existe um sensor óptico OBP-15T usado para mira de bombardeiro com bombas não guiadas (bombas burras). Como não se pode prescindir nesse tipo de aeronave de combate a suíte de guerra eletrônica do Backfire é bastante completa. O sistema interferidor GERAN SPS-171/ 172 sobrecarrega os radares inimigos com sinais eletrônicos que impedem a determinação da posição correta do Backfire pelos radares inimigos. 


Além disso, existe um sistema de alerta de aproximação L-082 MAK-UT, de mísseis infravermelhos fornecido pela Ural. Este sistema, operado de forma integrada com o sistema de lançamento de Chaffs (iscas de radar) e flares (iscas infravermelha) APP-50. Para alertar o piloto sobre emissões de radar inimigas que estejam rastreando o Backfire, é usado um sistema RWR Avtomat-3 fornecido pela Ural, também. Como os sistemas de guerra eletrônica apresentada aqui fazem parte de uma mesma suíte fornecida pela Ural, o sistema opera de forma automática quando uma ameaça é detectada, maximizando a eficiência da resposta em caso de ataque.


O Tu-22M3 é um bombardeiro extremamente perigoso, com forte capacidade de infringir severos estragos em um grupo de batalha naval, com suas armas antinavio. Seu armamento e sistema de navegação permitem atacar, de forma muito eficiente, alvos em terra, como bases aéreas ou centro de radares inimigos. Ataques com armas nucleares sobre o campo de batalha ou mesmo contra alvos estratégicos, também fazem parte do “itinerário” do Backfire. Embora o avião apresenta um projeto antigo, para os padrões atuais, ele é, ainda, muito eficiente e digno de respeito pelas forças inimigas.
Além da Rússia, a Ucrânia e Índia são usuárias desse bombardeiro. A Rússia possui 252 Tu-22 Backfire, sendo 161 em serviço ativo.